quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Flashback

Rua, noite, frio, fogo.
Beijo, medo, tempo, pouco.
Olhos, dedos, ímã, corpo.

Saudade, ansiedade, vontade.
Metade, verdade, selvagem.
Liberdade, coragem, mensagem.

Dias, semanas, meses, anos.
Erros, acertos, muitos, enganos.
Vidas, fulanas, fulanos, humanos.

Revolta, descoberta, ativismo.
Adrenalina, impulso, hipnotismo.
Queda, vício, abismo.

sábado, 4 de novembro de 2017

O Receio do Inteiro

Perca-se, sabendo que toda perda dói
Faça o que quiser e entenda
A dor é parte disso
E de todo o resto,
De tudo.

Encontre-se no amor próprio e alheio
Transbordando sentimentalismo
Esqueça o medo e desfrute
O amor puro
De tudo.

Recomece quantas vezes for preciso
Permita-se o choro e também o riso
O medo é inerente e natural,
Parte do processo visceral
De tudo.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Ausência

A saudade me parte em pedaços
Cada um deles te pertence
Você rejeita todos em silêncio
E Dói.

Pesada, como a poeira milenar na estante do quarto
Exposta, obcecada, engolindo as lágrimas
Me arrasto pra longe do seu magnetismo
E falho.

E corro, e fujo, e caio
Estou em queda outra vez, e arde...
Por favor, aperte o gatilho, acabe comigo
Antes que seja tarde
E mate.

-

Te escrevo
Te imagino
Te espero
Te observo
Te Quero

Me permito
Me confronto
Me perco
Me habito
Me encontro

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Isqueiro Azul

Travei
Parei
Parou meu coração
Te disse sim, te disse não
Depois neguei de um jeito frio
O amor que te prometi

E quantos quase cabem num segundo
Me vi chegar no fim do mundo
Me vi sofrer na solidão
De um jeito que não suportei

Eu sei que fiz você chorar
E luto tanto pra esquecer
Mas como posso te explicar
No meu jardim eu vou viver

Valeu
Por todo dia que te vi
Valeu, mas eu vou resistir
O seu isqueiro azul tá aqui
Será que você vai lembrar?

No fundo eu te espero em outra vida
Também não vejo outra saída
E já nem é a primeira vez
Cê sabe, eu já te conhecia

Eu sei que vou chorar também
Da falta bruta que me faz
Me vi descer na contramão
De um jeito que não quero mais


Travei
Parei com tudo por aqui
Não vou andar, não vou sair
A sua chave eu deixo aí
Ou será que você vem buscar?

~ Tiê

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Dia do Amigo

É só o dia, mas você sente tanta coisa e resume com “tô bem” não consegue costurar as falas não são os diálogos de um filme bem dirigido vira monólogo que, interno, não expressa nada só chora fica cantarolando dentro da cabeça uma música velha e quer sair do corpo ir pra outra cidade quer ouvir de novo as velhas idéias de um amigo que sumiu há tanto tempo e não consegue parar de se perguntar porque ele simplesmente desistiu por que parecia tão feliz sendo tão triste? Por que se ganha tanta coisa num caminho ainda curto, e não se esquece o que jamais esteve à mão guarda um cristal num baú de fechadura estragada é só o dia passaria mais rápido se você não ficasse relendo mentalmente as palavras que formavam frases que ninguém nunca mais disse tentando ainda capturar cada metáfora... Passaria veloz por você e você poderia sentar ao sol fumando um cigarro e se sentindo só e contente por estar assim, como todos os outros dias menos hoje.

Isabel ~ 

sábado, 8 de julho de 2017

Para Registro

Furei meus olhos pra não ter que te ver
Queimei as retinas pra sentir doer
Cortei meus dedos pra não te tocar
Pra não escrever e não te lembrar

Fodi a minha mente com todo tipo de droga
Tentando apagar aquela cena que sempre volta
Cheguei num ponto que não vejo outra saída
Já sangrei mais de 2 litros e desisti da vida


Não é só por você, nunca foi, nunca será
É por tudo que me cerca, por tudo que virá
Por cansaço, exaustão e desesperança
No corpo, na rua e na criança

sábado, 27 de maio de 2017

O Rito

A pele que me reveste é frágil
A sua maciez é uma lembrança tátil
Que os seus dedos não podem esquecer
Aquela imagem escura nada significa
Eu sei o que realmente te excita
E não ouso dizer.

Os movimentos dispersos no ato
Do nosso ritual casual inexato
Sujo, indigno, obsceno, profano
Um desejo completamente insano:
Sede de sangue humano.

Satisfaz meu vício com um gole de vida
Eu quero teus fluidos, suor e saliva
Amargo, salgado, molhado e quente
Olhos desertos, lábios entreabertos
Teu corpo não mente. 

sábado, 13 de maio de 2017

Pedra

Todos os dias eu durmo preparada para não acordar no outro dia, todos os dias eu acordo preparada para morrer no meio da rotina. Eu tenho um sorriso fácil que não precisa de motivo, mas se ele aparecer hoje eu confesso que não ligo. Eu pareço flor, eu queria ser flor, mas nasci pedra e fui arremessada contra uma vidraça em uma rua qualquer. Mas os instantes que estive em suas mãos foram inexplicáveis, o calor da sua pele aumentava enquanto a veia por baixo dela pulsava acelerada. Em fração de segundos eu estava misturada aos estilhaços no chão, orgulhosa de ter cumprido minha função.

Dizem que você não viveu tão intensamente até o provar o veneno do escorpião. E essa noite eu sonhei que era tocada pelas suas mãos, indescritível sensação. Tinha uma expressão de prazer no seu rosto que eu jamais havia visto em outra pessoa, enquanto a sua voz sussurrava pra mim: “você é boa”. Abri meus olhos em silêncio pra ouvir as batidas do meu coração, respirei fundo expelindo o excesso de paixão. Não se preocupe, não sou do tipo que deixa transparecer, eu sei manter em segredo tudo que acontecer.

-

Vai pássaro livre, voa pra longe de mim
Vai beija-flor, polinizar outro jardim
Eu sereia, me recuso a sair do mar
As profundezas escuras que chamo de lar

Sua crueldade parece não ter limite
A postura indiferente que me agride
E destrói a imagem que um dia tive
Fico cara à cara com essa realidade triste

Sendo aquele que sempre traz amor
Como pôde você me trazer toda essa dor?
Sendo aquele que sempre traz sorrisos
Como pôde você fazer isso comigo?
Disse que o amor curaria minha ferida
E hoje só consigo sentir que fui iludida

domingo, 30 de abril de 2017

Criança Passarinho

Criança passarinho
Passou a ser falcão
Além disso, não vai ser
Caça predatória
Morre um
Nasce dez
Matar é um prazer
Por que soltar na Floresta?
Gaiola de pedra é mais bonita
Deixa na vista
Problema não existe mais
Ao menos diminui
Morreu com um tiro na nuca e ajoelhado?
Foi executado?
Tanto faz
Preto
Favelado
Com duas Bucha de cinco do lado
A lei não se engana
Ela é cega
Não deveria ser
Belo Horizonte não é só pão de queijo
pra turista comer
Parece farinha
Era só um helicóptero
com 500kg de pasta base da branquinha
Até cego deveria ver
Quem mexe com isso?
Menino falcão?
Com certeza não
Mineirinho poderia dar uma explicação?
Se for branco, deputado,
burguês arrombado, é inocentado
03 anos se passaram e o mineirinho nada explicou
Enquanto isso Rafael Braga preto favelado
Que não era fumador, cheirador ou vendedor
Era só trabalhador
Ficou três anos em cárcere privado
Foi condenado a 11 anos de prisão
Tudo isso por uma garrafa de pinhosol e um flagrante forjado pelo camburão
Qual o problema nisso tudo?
Não foi comigo mesmo
Amanhã a vida segue
Batendo ponto das 8:00 as 18:00
Não posso questionar
Tenho que trabalhar
Se quiser me aposentar

- Brunno Mattos




sexta-feira, 21 de abril de 2017

O porto, o própio.

Não desejo estar em nenhum outro lugar, não preciso de mais ninguém. Desde de que reinventei a tua presença tudo tem sido mais completo e grandioso. Sua explosão foi fundamental neste processo, sem ela seria mais difícil reconhecer sua autenticidade. Foi preciso que você queimasse vivo bem na minha frente para que enfim derretesse esse iceberg no meu peito. Talvez eu devesse me sentir culpada pelo inferno que passamos em alguns momentos, mas eu prefiro deixar minha consciência leve e dar ao mundo a melhor versão de mim mesma: Lua cheia que brilha no vazio da noite, escura e quente.

Quando confio em ti cegamente, quando leio teus pensamentos espontaneamente, quando durmo ao teu lado tranquilamente... Cada pedacinho da gente, tão raro e precioso. O tempo relativo, irrelevante, ainda assim assustador, nos traz de volta pra realidade. É um sonho real, com a beleza prometida e as dificuldades propostas. Estamos vivendo juntos, um dia de cada vez, caminhando por essa estrada longa, de baixo deste sol quente e ofuscante, sem desistir, sem abandonar um ao outro por qualquer miragem paradisíaca que possamos encontrar pelo caminho.

Tua energia positiva me afeta a todo o momento, não há nada que eu precise que tu não possa me dar, não há nada que tu não faça pra me ver feliz. Sem pedir nada em troca, sem pedir nenhuma prova, pedindo somente aquilo que se pode dar. Deixo registrado, tiro do abstrato, exponho em cada detalhe o sentimento que inunda meus pensamentos. Amor de todas as formas, em evidência, o próprio. 

sábado, 15 de abril de 2017

Efeito Magia

Eu sou invencível, incansável
Disposta à tudo, o tempo todo
E você não pode dizer isso
Sem sentir, sem acreditar

Quem dita o meu ritmo
Sabe dançar qualquer música
Até mesmo a melodia absoluta
Do silêncio mais íntimo

E todos querem um pedaço
Do infinito de sensações
Que eu posso oferecer
Aqui e agora

Vem, eu vou te mostrar
Feche seus olhos
Já vai começar
Respire fundo

Mergulhe na cena escolhida
Esqueça o que parece
E os sentidos isolados
Abstraia todo significado

Você não pode tentar entender
Esse magnetismo energético
De corpos e de mentes
Tão diferentes

Você não pode querer controlar
Um impulso tão forte
E autônomo à sua vontade
Isso quebraria a preciosidade

Então apenas a deixe
Ela encontrará os caminhos
Do seu subconsciente
E penetrará mais fundo

Naquele exato momento
Quando cada pequena substância
Seguiu seu curso natural
E fez de algo simples

Tão especial.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Vazio

Não existe nada
Nem dentro
Nem fora

Na vida passada
Te encontro
Agora

Ignora minha escrita
Que não é pra ser bonita
Só alivia

E vai embora.

Vai e, por favor, não volta
Não tenta consertar
Acabou a cota

Secou a fonte
Bebeu demais
Enganou o diabo

O próprio satanás.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Ao sair, apague a luz.

Na ânsia de ser tudo
Sou nada. E nada satisfaz.
Um, dois ou mais.
Eu viro o jogo, eu mudo.
Por que ainda sou capaz.

Seu rosto, suas memórias,
seus desejos mais secretos,
até os gestos mais discretos


Eu que inventei

Sua auto-estima, sua simpatia,
Seus sonhos mais bonitos
Enquanto você dormia

Eu roubei

Foge pras colinas,
Corre menina
Volta pro telhado,
Perto do céu estrelado
Descansa teu corpo cansado

Na terra e no mato molhado

A palavra sangra
O meu útero contrai
O dinheiro manda
A mentira cai
E o ego cresce
E mata os demais

A lágrima salgada
O sentimento cura
A alma lavada
Que ainda procura
O amor que padece
Na realidade dura

domingo, 5 de março de 2017

É foda

É foda
Eu lembro o tempo inteiro
Do seu toque do seu cheiro
Do seu jeito desordeiro
De moleque bagunceiro

E como isso me faz sentir

Me perco
Nesse intenso devaneio
De falar tenho receio
E ainda assim anseio
Tua presença aqui

Mas você está distante e a minha mente errante

Fica viajando
Nas conversas que tivemos
E tudo aquilo que não dissemos
Conversando entre olhares
Sempre nos entendemos

Sabe que por dentro um impulso violento


Corre solto
E percorre todo meu corpo
Apreciando o teu gosto
Meu lábio no teu pescoço
E o nosso prazer exposto

Que não termina no teu gozo.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Duas caras

São duas caras e dois corações
Dois aquários, dois vulcões
Não suportam a mentira do ser
Que age contrário ao que diz querer
Que tanto quer? Que tanto fiz?
Não posso dar nada, só posso ser feliz
E coitada dela, pobre bichinha
Se a pena lhe cai, que caia sozinha
Não sou galinha, nem urubu
Bicho de pena que não toma no cu

sábado, 21 de janeiro de 2017

Habilidades e Metáforas

Passou um furacão, foi arrastando tudo e rompendo os laços, destruidor e silencioso, marcou o espaço. Mas eu sobrevivi escondida bem ali, sem rumo nem direção, desnorteada, entediada, com um vazio no coração. E demorou a passar, foi um tempo diferente, sem nada em mente, o viver simplesmente, angustiante e deprimente. Um exercício diário de superação, um passo contínuo para aceitação, trabalho árduo e necessário para reconstruir dentro de mim um santuário. Caprichoso em cada detalhe, um processo perfeccionista, pra que? Em poucos minutos estava entregue novamente ao seu carrasco, que bagunçou e deixou devasto todo canto.

Mas a faísca é sempre acionada quando eu não respeito os limites da superficialidade humana. E vejo queimar, e sinto arder, vejo a chuva apagar, e sinto a gota d’água doer, mas nem por um segundo estou disposta à sucumbir, minha carne é couro duro demais pra qualquer um ferir, meus nervos de aço suportam toda essa carga e você ainda me verá sorrir. As pedras estáticas invejam a sutileza dos meus movimentos, apreciam toda graça que eu faço deste momento e se decepcionam quando eu fraquejo. As flores mais delicadas e bonitas me acolhem como semelhante pelo perfume que exalo, mas morrem secas quando se deparam com a minha falta de pudor, exagero de amor, audácia de não temer a dor.


Então eu migro para o mar, e me deixo afogar, eu passeio pelo ar, e aprendo a voar. Entretanto percebo que aqui ou lá nada é tão diferente, dentro deste ovo onde tudo é ciclo não há impulso suficiente para romper a tangente, a profundidade destas relações terrenas só permite mergulhos rasos, e eu continuo tentando. Não há nada antes nem depois, ou se contenta com o agora ou cai fora. E de galho em galho eu vou brincando sem perder a estabilidade, usufruir até das pessoas mais torpes é uma excelente habilidade. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Sanguessuga

Eu andei sob cacos de vidro quando vagava, sem rumo, perdida na escuridão do fundo dos teus olhos. Alucinada por um futuro que não fazia o menor sentido, iludida por um passado igualmente confuso, não conseguia deixar o presente se apresentar. Mas assim que os primeiros raios de sol surgiram no horizonte eu soube que a longa caminhada havia terminado e exausta deitei sob a grama ainda umedecida pelas ultimas lágrimas que deixei cair. Naquele instante a brisa soprava suavemente arrepiando todo meu corpo, o sol cada vez mais alto brilhava e aquecia toda superfície. Este ser se aproximou e seu perfume era a perfeita tradução da liberdade, suas asas abriam-se graciosamente sem ferir os demais, seus átomos também conversavam com os meus. Não era mais um vício incontrolável que me consumia enquanto eu definhava por dentro, era agora uma presença confortante que curava todas as feridas com amor e cuidado. Outro dia, vi até uma flor brotar quando ele se distraiu, esqueci de lhe contar, mas sei que ele sentiu. Precipitando, gota a gota, sentia a chuva que molhava nossos corpos em conexão, correspondendo em silêncio o palpitar do coração.


Ventou forte e as lágrimas choviam novamente numa grande tempestade enquanto apagavam as últimas brasas de um incêndio que atingiu grande parte do lugar. E pela manhã ainda havia uma fumaça densa, o chão ainda estava quente quando eu decidi sair, os pés cansados arrastavam-se outra vez pela longa estrada. Caminhando como uma loba solitária, enojada pelo cheiro de carniça que exalava na falsidade dos abutres. Saboreei cada instante, pude escrever bastante, esse teatro foi muito rentável, mas a platéia já se levantou e foi embora. Quando as cortinas se fecham e as máscaras caem os atores agradecem pela merda e eu abandono a personagem aos poucos, desperdiço energia, deixo exaurir o corpo e a mente. Preciso de um minuto de silêncio pra me recompor, não me considero pronta para o próximo trabalho. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

O amor dos monstros

Eu me entreguei a ti em sacrifício
Meu sangue te ofereci como oferenda
Meio bruxa, meio vampira
À luz da lua dormimos e transcendemos
Nossos passados se entrelaçaram
Como num livro de realismo fantástico
Sem pai, sem pátria, pacientemente esperei
Por 20 anos na minha vida sem saber
Me viciei em teu veneno
Injeta-me liberdade em minhas veias
Num rito mágico, somos morcego e sereia
À voar pela escuridão das ruas
E mergulhar nas profundezas nuas
Respira,não é todo dia que temos esse luxo.
Quando o despertador tocar, a magia terá acabado
Me beija, vampira, quero ser como tu...
8 e meia.
-
Liʚԅe




sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Era pra ser

Suas palavras me cortavam a carne e eu tentava com todas as forças não transparecer a dor. Eu até ameacei lhe ferir depois, mesmo sabendo que seria incapaz de fazer isso propositalmente. Senti pena de mim mesma, senti culpa e vergonha, me senti alheia, como algo que sobra, um resto orgânico em decomposição.

Me transformei em uma barragem, mas a água era salgada e agitada demais pra caber em mim, seria ótimo transbordar aos seus pés, me consolar no seu colo e me enfiar no seu abraço. Suicídio na areia movediça nunca esteve nos meus planos e eu não abandonaria jamais a postura que me manteve viva até hoje.

-


“Era pra poder ficar eternamente no presente
O amor soprou de outro lugar
Pra derrubar o que houvesse pela frente
Tenho que te falar
Essa canção não fala mais da gente”