quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Bastidores da Cena

Ontem foi meu aniversário, a nova "eu" completava 3 anos e estava andando nas ruas perdida em meio a tanques de guerra e gente marchando. Não imaginei que seria assim... Não mesmo. O anarquismo arde em meu peito e a chama não vai se apagar com qualquer respingo de água, mas o que tem acontecido nos últimos tempos é uma tentativa de nos "desiludir" e fazer a gente se perder pelo caminho. Resistiremos. Resistiremos aos hipócritas que estão ao nosso lado querendo vender seu teatro supostamente anarquista, àqueles que querem nos ganhar no cansaço nos incentivamento a cometer suicídios coletivos e também àqueles que estão no alto de sua pose de revolucionário mor julgando os demais e condenando-os ao isolamento. Eu vivi uma época muito linda, com pessoas especialmente selecionadas pelo universo para compor aquele momento, eu vi o andar dessa carruagem e como ela veio parar aqui no meio de uma conjuntura política onde tentam nos usar de massa de manobra para inflamar os protestos, onde tentam nos encurralar e nos entregar para a polícia, onde nos acusam, onde tentam nos doutrinar dentro do próprio anarquismo. E por ter visto essa trajetória e ter tido comigo companheiros de verdade no mais puro sentido da palavra, pessoas as quais eu confiei a minha vida e que a salvaram no momento exato em que eu estava prestes a me perder numa cidade estranha com cães do estado me farejando, é que eu não admito que os mesmos erros sejam cometidos. É que eu não admito que pela adrenalina do momento coloquemos as nossas sementes do anarquismo, plantadas com tanto suor, em risco. Assim como não admito que os mais antigos no rolê fiquem desprezando o ódio e a raiva que brota em cada um de nós, como se fossem os donos da teoria e prática anarquista. To em meio ao fogo cruzado, to vendo as pessoas revelarem seu lado mais individualista e egoísta, era pra eu ta me sentido sozinha, mas não. Por que eu estive viva em 07/09/2013 e eu acredito no potencial daquelas pessoas e consequentemente no potencial de outras pessoas, outras que não são essas que no momento estão cegas, umas cegas por uma adrenalina que movimenta uma pauta totalmente contraditória que é "fora temer/volta dilma". E outras que estão cegas por um egocentrismo de que não vale a pena dialogar com os recém chegados no rolê anarco por que eles estão muito eufóricos e colocam tudo em risco agindo por impulso. Mas pera aí quem não começou assim? É o começo deles, é o processo deles e o mínimo que deveríamos fazer é orienta-los, sem (obviamente) usá-los como escudos humanos em protestos onde tanto os manifestantes quanto a polícia quer bater neles. 

Eu, apesar de muito fodida em todos os sentidos, vou sobreviver à esse sistema horrendo e vou reencontrar as pessoas que me inspiraram a ser quem eu sou em uma época em que novamente seremos um só, movidos por um sentimento, uma causa, um projeto de sociedade baseada na liberdade, na solidariedade e no bom senso. Por agora, a cena ta estranha e eu preciso dar um tempo dessa galera, mas se tem algo que eu aprendi ao longo desses 3 anos de vida anarquista é a importância de estar em movimento, movimentando-se para os lados, para a frente, voltando quando necessário até esbarrar em algum coração negro, fértil, esperando para ser semeado e regado com o fogo da destruição. "A paixão pela destruição, é uma paixão criativa" dizia o querido Bakunin, sim meu amigo, temos que destruir o sistema com a mesma paixão que vamos criar um mundo novo. Se as pinta tão só por destruir tudo, sem perspectiva de criação de algo novo, então elas acabarão se auto-destruindo. Ao passo que, se as pinta tão esperando sentada as coisas se destruírem sozinhas na expectativa de criar algo novo, então elas definharão e não verão nada mudar.  Enquanto isso, seguimos, rumo a um futuro diferente, rumo ao encontro dos destinos implacáveis que nos colocará juntos novamente para pensar e agir baseados em nossos princípios. 

Pra lembrar nossos princípios político-ideológicos que constituem a espinha dorsal da ideologia anarquista:

Ética e Bom Senso.
Antifascismo
Antiautoritarismo
Ação direta
Independencia de Classe
Estratégia e Tática
Solidariedade e Apoio Mútuo
Construção do Poder Popular
Transformação Social
Autogestão
Liberdade e Igualdade
Internacionalismo

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