quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Cura e Caos

É preciso extravasar a energia caótica e destrutiva que habita o espaço vazio dentro do peito. Saciar esse buraco negro que me consome de dentro para fora. Ilusão nossa de cada dia, quando sonhamos que estamos voando, mas na verdade estamos caindo. Constante temporal, rotina, hábitos, nossas próprias correntes fantasiadas de laços fraternos. Pagando por cada centímetro cúbico de oxigênio consumido, pagando por cada masso de veneno a ser tragado, asfixiando-se gratuitamente com a fumaça expelida pelos automotivos. A exaustão no fim do dia, não tenho ideia de como consegui cumprir os prazos, pagar as contas, agradar a todos e sobreviver. Contando as horas de sono, ajustando o despertador, finalmente no conforto de sua cama quente e limpa, nem aqui posso chorar, nem agora posso morrer, nem amanhã será diferente, só agora posso viver. Sentir e viver o tempo por que? Porque é o que eu deveria fazer, deixar algumas palavras no passado, tentar não levar isso para o futuro, lutar para sobreviver à elas no presente. Perder o medo de estar sozinha, perder o medo de olhar para dentro de si mesma, encontrar o medo e reagir instintivamente. Provar o gosto do seu próprio sangue, fluído fascinante que te sustenta.



Um dia eu acordei e todos haviam sumido, tomei meu café da manhã, peguei minha jaqueta, meus cigarros e meu carro e dirigi para o centro da cidade. Passei num posto de gasolina e fui em direção a prefeitura, acendi meu cigarro no fogo do coquetel molotov e lancei em direção aos vidros. Um após o outro até ver tudo em chamas, do outro lado da rua eu sentei no meio fio e fiquei observando o magnífico elemento da natureza fazendo seu trabalho. Depois disso eu só dirigi por aí, sem rumo, sem esperanças de encontrar mais alguém, sem nada em mente, só uma paz que me preenchia inteira.

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