sábado, 5 de março de 2016

Para Lembrar

Aqui, quem fala, é um coração partido. Mas também é um coração mais forte e mais corajoso. Tudo começou quando abri os olhos e a vi, tão linda, dançando pra mim. Eu fui fisgada pelo olhar tentador que a Liberdade lançava sob o meu corpo. A promessa de me tornar livre me levou pra cama com ela, e foi como pular num abismo escuro, a aventura da qual eu não sairia viva estava começando 18 anos após meu nascimento, no ano de 2013, no dia 7 de setembro.

Mas hoje eu venho escrever sobre a data de 04/03/2016, um marco na minha história também, como tantos outros. Não durou nem dois meses, mas foi intenso o suficiente, como o looping de uma montanha russa, que dura apenas alguns segundos e nem por isso é menos emocionante e marcante. Cada palavra, cada gesto, cada momento que vivemos foram guardados no meu baú de lindas lembranças. E as coisas ruins que não quis jogar na sua cara, eu as queimei na fogueira do perdão, no fogo da redenção. Estou costurando cuidadosamente o rasgo que deixou quando resolveu sair do seu lugar especial aqui no meu coração e ir para aquele lugar comum onde eu mal consigo te ver. Esse lugarzinho que você me ajudou a criar, ele será ampliado, ele será redecorado e selecionarei melhor os hóspedes. Não que você tenha sido mal selecionada, entenda, você foi perfeita, fez tudo como deveria ser feito, cumpriu um papel na minha vida, modificou o meu destino. Mas se foi... Tão de repente quanto chegou. E eu que nunca havia visto alguém partir assim, depois de tanta entrega, depois de tantos planos, coisas que talvez só existissem na minha cabeça.


Cada vez que eu tento lembrar suas feições, suas maneiras, seu cheiro... Cada vez fica mais difícil. Meu baú das boas lembranças usa um mecanismo de proteção em que as coisas mais recentes que por algum motivo eu escolhi deixar ali vão lá pro fundo para que eu não caia na tentação de desejá-las novamente. Às vezes eu tenho a impressão de que isso tudo é culpa do meu ascendente em gêmeos, às vezes eu tenho certeza disso. Mas colocar a culpa em qualquer coisa não fará diferença agora, quando eu te vi partir sabia que não teria volta. Acho que esse é um dos motivos que me levou a escrever sobre isso, tentar colocar pra fora qualquer resquício de esperança. Pensei também em apagar suas fotos, mas terei de aprender a lidar com a sua imagem, sua presença, eu não vou fugir de você, eu vou encarar essa situação de frente, se precisar, olho no olho. Dói, eu sei que em você também. Mas somos mulheres fortes e vamos seguir rumo a nossa própria felicidade por mais que doa.

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