Como entende-la? Ela vaga pelas ruas largas, com seu casaco preto e sua saia vermelha. A maquiagem escura e borrada sobre os olhos verdes esconde sua doçura, a boca sem cor e sem vida é como se não fizesse parte daquele rosto sinistro. Tudo é muito dramático e muito triste na sua aparência exagerada. Muitos fazem mau juízo, mas ninguém a entende. Eles falam coisas a seu respeito, mas ninguém a escuta. Ela nunca usou palavras, seu olhar sempre disse tudo o que ela precisava e sentia. Por isso ela nunca voltou para casa, por isso ela andou pelo mundo incansavelmente como quem pagava uma promessa. Mas ela nunca pagou nada, ao contrario, ela sempre deveu ao seu coração uma explicação para tanto que o torturava, ela nunca deu ao seu corpo o merecido descanso e nem a sua mente a preciosa paz. Mas por que ela fazia tudo isto consigo mesma? Era o que todos se perguntavam. Mas ninguém entendia ninguém nunca iria entender. Eles apenas á aceitavam, não a podiam expulsar dali, eles apenas observavam, sem entender, sem entendê-la.
A lua é a única que pode ouvir seu choro na escuridão da madrugada.
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