domingo, 11 de dezembro de 2016

Quando o véu se cai

Fui destinada a viver momentos únicos e inexplicáveis algumas vezes nesta vida, não se tratam de meras experiências carnais, fúteis ou rasas, mas contestam toda lógica existencial em que vivemos. Se me conecto ao universo e observo seus sinais, abandono a racionalidade por alguns instantes e sou capaz de ver o véu que cobre nossos rostos cair lentamente e revelar nossas cicatrizes mais profundas, expondo nossa essência sob o céu noturno iluminado pelas luzes da cidade.

Tive medo de explorar as profundezas do oceano pelo qual naveguei por anos, mas desde que levantei voo desconheço limites ou fronteiras no céu. Estava em constante movimento quando desacelerei progressivamente até me encontrar estática diante de tanta intensidade. E o medo sumiu, e a água fluiu, e o tempo seguiu, e a brisa surgiu para resfriar a superfície, para levar embora as cinzas e purificar todo meu ser.

A integridade da pele que me reveste agora não é uma garantia de que não vou sangrar outra vez, mas desta vez será diferente, pois o ciclo que se inicia demanda mais energia, mais disposição, mais coragem, mais entrega, mais força, mais do que estive disposta a dar até o momento. Respeitar as particularidades alheias pode ser a parte mais difícil desse processo e também a mais importante.



Lua no céu, ofuscada pelas luzes da cidade
Universo em constante movimento e sincronicidade
Insubmisso às regras e leis que regem essa sociedade.
Silenciosamente está desafiando a minha compreensão
Guiando um carro em alta velocidade no sentido contra-mão
Um tempo-espaço paralelo em constante contradição
Significados ocultos ignorados por nós
Transmitem sinais quando estamos a sós
A dor ao falar fica exposta na sua voz
Vou seguindo seu raciocínio até ele falhar
Observo em seus olhos marejados o íntimo revelar 

Nenhum comentário:

Postar um comentário